domingo, 3 de junho de 2012

Françoise (1970)

Depois do sucesso absoluto obtido por Comment te dire adieu, Françoise Hardy decide aliviar nos compromissos e cuidar mais da vida privada. O primeiro passo dela foi se aposentar dos shows ao vivo, que tomavam bastante tempo. O segundo foi o rompimento definitivo com a Vogue discos, a fim de manter a produção musical exclusivamente através da Aspargus. Contudo, ao realizar a segunda decisão, a cantora esbarra em um impasse: a reivindicação dos direitos autorais de suas músicas.

A inexperiência como profissional da música levou com que Françoise não se preocupasse até então com a posse de seus direitos. Ao reivindicá-los, a Vogue negou-lhe dizendo que as músicas pertenciam à gravadora. A história rendeu um processo judicial que terminou em um fim não muito feliz para a artista. De acordo com a decisão, Hardy deteria somente as músicas realizadas depois da existência da Aspargus, visto que tratava-se entre uma sociedade entre a produtora mantida pela cantora e a empresa de discos. No entanto, as canções anteriores à 1967 ficariam sob tutela da Vogue.

O tempo empenhado na batalha e os burocráticos processos judiciais levaram com que quase nenhum material fonográfico novo fosse oferecido ao mercado. Na França, apenas três compactos foram divulgados, sendo um deles uma reprise de EP que tem como carro-chefe a música Étonnez-moi, Benoît!. Como alento, Françoise lançou em 1969, em seu país de origem, o LP Françoise Hardy en Anglais, que havia sido editado nos Estados Unidos e na Inglaterra no ano anterior. O período culminou em trabalhos no exterior, que renderam um novo disco em inglês (One-nine-seven-zero) e outro em alemão (Träume). Nessa época, Françoise aproveitou canções que estava limitadas aos EPs para fazer versões em outros idiomas. É o caso, por exemplo, de Il voyage. A música foi uma das poucas a integrar a coletânea Françoise, em 1970, mas, antes disso, a canção ganhou versões em inglês (In the Sky) e em alemão (Er muß reisen). Já J'ai coupé le télephone foi traduzida para inglês (I just want to be alone) e em uma raríssima versão em espanhol (El teléfono corté).

Embora tivesse perdido a batalha judicial e não detivesse direitos sobre boa parte de suas gravações, Françoise Hardy seguiu adiante. Como pretendia, procurou usar seu tempo - agora menos ocupado - para fazer outras atividades além da música. Boa parte do tempo livre ela usou para se dedicar a um curso de psicologia, antes de se voltar para a astrologia. A escolha da graduação foi guiada por experiência própria. Desde a juventude, Françoise consultava o horóscopo e, por volta de 1964, uma série de circunstâncias desconhecidas a levaram a consultar um astrólogo. As revelações que ele faz sobre sua personalidade dela acabaram por despertar a curiosidade da cantora. Nos anos seguintes, seu interesse no domínio da astrologia seria rapidamente reconhecido e ela receberia propostas de trabalho na área. 

Uma vez libertada inteiramente da empresa Vogue Discos, Françoise Hardy parte para um novo contrato com a distribuidora Sonopresse, pelo temo de três anos. Para preservar seus direitos nas futuras composições, ela cria sua própria sociedade de produção – a Hypopotam – e de edição – a Kundalini. Françoise inaugura essa etapa decisiva de sua carreira musica na França criando uma compilação de 12 canções muito populares que foram produzidas pela Aspargus, sendo seis faixas extraídas dos álbuns Ma jeunesse fout le camp, Comment te dire adieu, En Anglais e Träume. As outras seis, são escolhidas de três EPs que não foram explorados em outros álbuns. O LP foi lançado em 1970.




Canção L'heure bleue, apresentada por Françoise em 1969


Au fil des nuits et des journées: mais um canção inédita 
em LP que aparecem na coletânea Françoise

Entre 1968 e 69, muitas músicas de compactos não foram contempladas em um disco de 33 rotações, como Je ne sais pas ce que je veux - vesão francesa da inglesa Tiny Goddess, que saiu em Françoise Hardy en Anglais - e Des bottes rouges de Russie, diferente de L'heure bleue e J'ai coupé le téléphone, que se fizeram presentes do álbum Françoise, por vezes denominado Germinal.


1. Träume (Fred Weyrich -Martin Böttcher)
2. Au fil des nuits et des journées (Françoise Hardy)
3. J'ai coupé le téléphone (Françoise Hardy)
4. Ma jeunesse fout le camp (Guy Bontempelli)
5. Comment te dire adieu (It hurts to say goodbye) (Serge Gainsbour - Arnold Goland)
6. Il voyage (Françoise Hardy)
7. Loving you (Jerry Leiber - Mike Stoller)
8. L'heure bleue (Françoise Hardy)
9. Des ronds dans l'eau (Pièrre Barouh - Raymond Le Sénéchal)
10. Avec des si (Françoise Hardy)
11. Étonnez-moi, Benoît! (Patrick Modiano - Hugues de Courson)
12. Les doigts dans la porte (Eddy Marnay - Ariel Silber) 



(Canções que, na França, não foram registradas em nenhum LP) 

 • Je ne sais pas ce que je veux (Tiny Goddess) (F. Hardy, G. Spyropoulos - R. Singer, P. Campbell)
  • La Terre (Françoise Hardy)
• Je fait de lui un rêve (Françoise Hardy)
• C'est lui qui dort (Françoise Hardy)
• La mer (Charles Trenet) (Do especial alemão Portrait in Musik, de 1965)
• Les feuilles mortes (Jacques Prévert - Joseph Kosma.) (Do especial alemão Portrait in Musik, de 1965)
• Ouverts ou fermés (Françoise Hardy)
• Des bottes rouge de Russie (André Popp, Jean-Michel Rivat, Frank Thomas)  
• J'ai le coeur vide aujourd'hui (Empty sunday) (Françoise Hardy, Vicki Wickham - Simon Napier-Bell)    

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